Uma mulher de palavra VII.

O mosaico e sua sedução. Olhar de mãe ensinando a ser gente. O mesmo olhar se despindo indecente. A mesma mulher, mil vezes esquartejada, projetada em múltiplas funções. O delírio, a sanidade, a postura impura à santidade. Não há literatura que aguente tantas facetas. É por isso que digo: essas mulheres não me deixam dormir. Ou porque clamam por fora, ou porque clamam por dentro de mim. 
Elas são cheias de graça.  Ou porque nos fazem rir, ou porque são sobrenaturais. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.61).

A chaminé II.

Imaginei. A casa simples, o fogão de lenha aceso, a broa de amendoim saindo do forno, o pão de queijo recém-assado, o leite fervido, o silêncio dos móveis e o pequeno rádio tocando modas de tristeza. Imaginei. O capataz de banho tomado, ainda sem camisa, a toalha enrolada na cintura, a porta do banheiro entreaberta e o vão me permitindo ver o barbear lento e ordenado. As costas largas, os contornos de homem feito, pronto para um socorro no meio da madrugada. Eu,  mulher recém-acordada, ainda doída de tanto abraço e pronta para amparar meu homem nos primeiros cuidados do dia. A  lida à minha espera. A roupa suja, a casa por ser limpa, as galinhas para tratar, os ovos para recolher. Caçar os ninhos das poedeiras, varrer o terreiro, amarrar as vassouras e depois fazer um almoço para dois. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.130).

Somos borboletas de Deus.🦋


Somos borboletas de Deus! Passamos pelo aperto e sufocante casulo, mas a metamorfose nos transforma em seres ainda mais belos. 
Day Anne -


Gif Ilustrativo de giphyc.com

Os amores e as incongruências IV.

Deus que me perdoe esse pecado, mas sempre apreciei a fúria do compadre Estevão. De vez em quando a comadre Luciola chegava com braços roxos e orelhas marcadas. Eu perguntava o que havia acontecido, e ela sorria. - Foi o Estevão essa noite! - confessava  com voz equalizada nos tons da vergonha e da malícia. Eu ficava imaginando o que provocava aqueles vergões roxos. Quem me dera acordar roxa e embriagada de tanto amor pelo meu marido! (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.90).

Os amores e suas incongruências III.

Minha cabeça tem doido também, mas dor de cabeça é muito pouco para me fazer buscar recurso. Toda cabeça dói. É nela que o medo lança suas raízes. Medo dói. O sono que não chega é filho do medo. A insônia me desespera, é na calada da noite que mensuro a ausência que o amor me trouxe. Sofro porque ele não chegou. Saudade de um corpo que não vi, de um homem que nunca bateu à porta. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.87,88).

Miudezas.


Ando desconfiada de que a escola esteja fazendo mal pra cabeça do Geraldinho. Ontem mesmo veio com umas conversas esquisitas para o meu lado. Tudo começou quando eu lhe  disse: "Deus  tarda, mas não falha, Geraldinho!". A frase estava num contexto. Já me explico. Queria consolá-lo de um calote que ele recebeu do neto do Vicente Moura. O pobre  do Geraldinho lhe vendeu um pião, mais meio cento de bolinhas de gude., e o ordinário não lhe pagou. Depois da minha frase que apelou para a justiça divina, o menino me fulminou com um olhar de desaforo e esbravejou: - Vovó, Deus tem mais o que fazer do que ficar cuidando da safadeza de gente vagabunda!
Quase perdi a fala com aquela reação do menino. Achei forte demais aquela expressão. Sempre fomos muito ponderados nas conversas que tínhamos à frente das crianças. Aprendi com papai. Ele nunca nos permitia  falar palavrões. Depois do acontecido pude concluir que Geraldinho deve ter aprendido isso na escola. Educar uma criança é como cultivar goiabas. Por mais que a gente cuide delas, sempre dão bicho. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.65,66).

Alma em desordem IV.

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Meu descontentamento com a vida nascera comigo. Ouvir o bater da felicidade à porta, vinte e dois anos depois de conviver dia a dia com o destino infeliz de ser quem eu era? Demorei para acreditar. Olhava pela fresta da porta e o que via era o sorriso de um homem aparentemente incomum. Aos poucos fui abrindo espaço para sua chegada. De vez em quando eu me permitia ouvir suas histórias tão cheias de futuro. Desejo de descobrir uma mulher que pudesse ser a mãe de seus filhos. Alguém que ainda acreditasse na força de um amor que pudesse ser eterno, definitivo. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.180, 181).

Ave Maria.


Ave Maria cheia de graça
O Senhor é convosco,
Bendita sois Vós entre as mulheres,
E bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus,
Rogai por nós pecadores,
Agora e na hora da nossa morte.
Amém 🙏

Felcidades impróprias III.

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Lourival sempre foi um bom marido. Dedicado, nunca me deu motivo para desconfiança. Ao contrário, minha confiança nele sempre foi cega. Ser cega é um jeito bom de ser mulher. "O que os olhos não veem o coração não sente", minha mãe já repetia, com sabedoria. O que está oculto não é vivo. Repousa no silêncio da existência e nos priva de choros e manifestações vergonhosas. Chorar é tão vergonhoso! Tossir também. Tenho vergonha de tudo o que me expões frágil. Tosses e choros andam de mãos dadas. Nascem pelos mesmos motivos. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.108).

Momentos.

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Dê um "Play" na vida, um "Pause" nos momentos bons,
um "Stop" nos momentos ruins e um "Repeat" nas alegrias da vida. 

A mulher e a velhice III.

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A alça do vestido me recorda a juventude perdida. Essa pele crespa, esse ressecamento que não há creme que contenha. Eu caminho nas estradas dos contrários. Enquanto o mundo se estreita, eu me alargo. As medidas denunciam que estou me esparramando aos poucos, como se minha desintegração estivesse se antecipando. Olho no espelho do quarto e não caibo mais inteira dentro dele. O que sobra é o que deveria ser perdido, mas não há receitas mágicas. Com o tempo, tudo é mais penoso. Um grama na velhice é um quilo na juventude. Essa desproporção me assusta. O medo também. Companheiro inevitável. Antes, a coragem heroica: hoje, o despropósito absurdo de minhas coleções de receios. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.103).

A mulher que não sabia esquecer I.

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Heleninha apenas respira. Não vive. Perdida na certeza de sua solidão, admite, pela primeira vez, a possibilidade de esquecer toda a sua vida, de ver cair do céu um homem que arrombasse a sua alma, que desobedecesse às duras regras domésticas que promulgara e que enxugasse as mãos sujas de graxa em suas toalhas sempre alvas e bordadas.
Um homem que a fizesse esquecer a culpa, o amor não amado, o perdão não perdoado, o vestido nunca vestido, a roupa azul royal do cabide, o decote da ordinária, a vida passada, mas sobretudo o seu dom de não esquecer. Alguém que lhe trouxesse a graça de um novo tempo, de um novo caminho. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.98).


Fotografia II.

 
Andei pensando na possibilidade de voltar a Santa Rita do Passa Quatro, cidade onde nasci. Nome esquisito cuja origem desconheço. Quero ver a casa onde cresci. Deve estar modificada. Só Deus não se modifica. Queria ver as mesmas cenas com os olhos transformados pelo tempo. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.72).

Os amores e suas incongruências II.

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O inchaço nas minhas pernas voltou. Com ele veio também o espírito de impotência. Quis reunir outras razões para uma visita ao médico, mas achei por bem não procurar por elas. A saúde que quero não virá dos consultórios. Tenho vivido e experimentado enfermidades que não são físicas. De nada adiantaria radiografar o meu peito. O que encontrariam?
Amor estragado pode ser radiografado? Não creio. Minhas carnes revelariam absolutamente nada do que sou. O invisível é o que me define. O que está à vista não me revela. Minha palavra não alcança o que desejo dizer sobre o que ando sentindo. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.87).


Fotografia I.

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Os cenários da infância a partir dos olhos da senectude. Cruzar os mesmos espaços que antes cruzava com pernas miúdas, saias curtas e blusas cheias de nódoas. Ver o rio que passava ao fundo, o barranco, as goiabeiras  que ficavam perto do curral. Sentir mais uma vez o cheiro do dia partindo a luz, o mugido das vacas, o tropeço dos peões e suas ferramentas. Ver os detalhes que a vida revelou com o tempo, como se fosse uma fotografia que levou anos e anos para se tornar nítida. O distanciamento no tempo revela os detalhes da realidade.(MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.72).


Bilhetes e retalhos V.

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O ódio que Justino me despertou ainda me assanha. Mas Deus me livre de alimentar ressentimentos. Quero é a absolvição dos meus pecados, a redobrada vigilância de não deixar minha avenca morrer de vez e a heroica coragem de comprar um bilhete de rifa da Iraci sem desconfiar de que ela já tenha conhecimento do nome que será premiado.
Da primeira vez, o ganhador foi o marido dela. Da segunda, foi o Valdir, seu filho mais velho. Da terceira, foi a Valdirene, sua sobrinha. E, por fim, ela mesama. Ah, tenha paciencia! Vai fazer hora com a cara de quem tem tempo. Qualquer dia desses eu me encho de coragem e a mando picar a mula com aquelas cartelinhas. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.53).



Feliz domingo!



"Viva um dia de cada vez.” (Mateus 6:34)


Uma mulher de palavra VI.

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A dor nunca me deu tréguas. Acreditei piamente no valor do sofrimento. A cicatriz depois do corte, a redenção depois da morte. Morri, confesso que morri. Aos poucos, em pequenas partes, nas esquinas, nas vitrines, nas palavras e nas gorduras saturadas.
A vida sem disciplina, sem medida, sem dietas. Eu quis afrouxar as rédeas, mas não soube. Fiz hora extra, fiz serão, fiz absurdo. Dormi pouco, acordei no meio da noite, me pus a servir à ansiedade e não aprendi a dormir com um travesseiro no meio das pernas. A minha coluna não me perdoou essa displicência. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.60)



A compulsiva III.

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Nunca considerei desordenados  meus impulsos para aquisições. É fato normalíssimo na vida humana a necessidade de renovar, vez em quando,  o estoque de bens materiais.
Lucilda me acusa constantemente de ser exagerada. Acha um absurdo eu comprar três ou quatro pares de sapatos de uma única vez, mesmo que para a compra não haja ocasiões. Ela vive repetindo a mesma frase, como se fosse um mantra. Olha na minha cara por cima dos óculos, despenca aquele beiço  e dispara: -Vai comprar pra quê? (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.19).



Uma mulher de palavra V.

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As mulheres são fascinates! Interpretam o mundo de um jeito diferente. Nelas reconheço a poética da existência. O vestido de festa, o trapo de limpeza, a bacia de roupas, o sabão transbordando, o bordado no linho, a linha na costura. Os teares em movimento, o cheiro de café, a conversa, os desabafos: afetos e desafetos ... (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.61)



A sacerdotisa III.

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Faço o que posso. Norberto é minha transcendência horizontal. É nele que descubro o motivo do meu aperfeiçoamento. Lavo, passo, cozinho e tolero. Esse movimento doméstico particular que me envolve atravessa os caminhos do mundo, esbarra na indignação dos que me reprovam e aguça o desespero  contido dos que me invejam. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.165).

Troco Imóvel

A chaminé.

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A via das sombras é o prêmio reservado aos que não gritam ao mundo os desejos que têm. Guardei mais do que deveria. Vida preservada é vida não vivida. Noites e noites de desejo acorrentado, inconfessado. Ninguém soube, ninguém nunca  imaginou. Só eu acreditava no que sentia. A solidão superlativa o desejo. Não confessado, ele parecia dominar todos os poros do corpo. 
(MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.129).


O desacato da tarde I.

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A menina tinha um agravante. Era dotada de uma maldade sem alarde. Ela não corria nem era afeita aos gritos. Era aquela espécie de bicho vigilante que, de tão cauteloso, parece não tocar o chão. Uma pantera, não sei. Com passos leves, mas constantes, andava pela casa e vez ou outra puxava levemente os objetos de seus lugares. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.80).


Só o que é bom.🙌🙏

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Estou de dieta,
evitando...
PENSAMENTOS NEGATIVOS;
PESSOAS DESTRUTIVAS;
o que me tira o sorriso dos lábios;
o que perturba meu sono;
o que acaba com o brilho dos meus olhos;
o que traz insegurança e aflição;
o que distrai meu caminho.


A mulher e o tempo III.

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O tempo só é suportável quando não o percebemos. Como o rio em remansos processos que não findam,  costura de águas onde o tempo se entrelaça tão cheio de destreza, infância e coragem. A tranquilidade das águas que aos meus olhos se dá não é sua verdade. É no mais profundo que o ser do rio prevalece. Correntezas violentas o movem, levam-no em apressados rodopios, movendo o interior, varrendo as profundidades. Aquele que o vê da margem nem imagina. A calmaria da superfície não nos permite perceber que o rio está se despedindo. A tranquilidade aparente segreda a fúria que o move. Entorpece os olhos que nas margens repousam, impedindo-os de perceber que o rio está passando. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.123).



A dona da funerária I.

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Ficar na janela já me deu mais gosto, mas hoje, não. A comadre Leninha leva quase uma hora para fazer o percurso que antes não lhe custava mais de quinze minutos. Quase morro de tanta dó. Parece uma lesma. A pobrezinha esta ficando cega. Já alertei o Arnaldo para que não a deixe ir sozinha buscar o leite na mercearia, mas ele disse que ela se ofende seriamente cada vez que alguém toca no assunto. Então deixa morrer. Com saco de leite na mão para humilhar ainda mais o cadáver. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.116).




A lei do amor IV.

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A propósito, ando pensando que metas foram feitas para não serem alcançadas. Por isso são metas. Só Rosinha Aroeira não pensa assim. Vive se gabando da disciplina que tem com sua dieta rigorosa. Enche a boca pra dizer que retirou o glúten da alimentação. Fala como se todo mundo tivesse obrigação de saber o que é o tal do glúten. Peguei uma implicância danada dela por causa disso. Todo mundo está comentando esse enjoamento dela, mas ninguém tem coragem de dizer. Eu escuto o discurso e faço cara de paisagem. Ando sem paciência com gente disciplinada. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.171).


Alma em desordem III.

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Ser infeliz é condenação que recebo na carne. Dói em toda a extensão do que sou. Não, me refiro a metafísica do ser, ao que de mim se desdobra em imaterialidades e conceitos. Falo dessa matéria temporária que se encontra e se descobre  dia a dia em  processo de demolição silenciosa. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.179).


Bilhetes e retalhos IV.

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O tecido da madame é costurado ao retalho de uma antiga saia de empregada doméstica. A vida deu voltas. Os vestidos rodopiaram nos salões de festas, despediram-se dos corpos. Caíram no esquecimento e depois foram retalhados e enviados para associação de mães benfeitoras. Sacos entulhados resguardam histórias  diversas! Formaturas, casamentos, primeiro beijo, velórios, sepultamentos, tardes de domingo.(MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.48).


A sacerdotisa II.

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De vez em quando o calvário se repete na minha casa. Assumo o lugar do crucificado. Norberto se põe aos meus pés e chora, humilhado. É nessa hora que minha condição grita alto. Eu sou o Cristo. A Eucaristia  me configura assim. Mulher que se doa mesmo quando o que me recebe não cumpre a parte do trato. Deus não é menos Deus na boca do que merece menos. Deus não é menos na parte que veio repousar na mão do indigno. A Eucaristia é o mistério da continuidade de Cristo no tempo. Norberto sabe disso, pois não o deixo esquecer.
De vez em quando ele chega ressabiado, rabinho entre as pernas e olhinhos baixos, próprios de quem se arrependeu do que fez. Chega do mesmo jeito que chego ao confessionário do padre Adamastor para lhe pedir indulto em nome de Cristo. Depois que conto tudo o que me escraviza, o padre levanta suas mãos e faz sobre mim o santo sinal da cruz. O gesto me recorda as mãos de Moisés a conduzirem os israelitas a abertura do mar Vermelho. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.167).


Levezas da alma.

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Abra a janela da vida e seja pleno em cada coisa ainda que pareça pequena. Viva com a espontaneidade de uma criança. Debruce  na janela e não  olhe a vida passar através dela...  Viva...! (Lady Foppa)  

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ORFANDADES - O destino das ausências.

É um livro que tem uma narrativa envolvente, Pe. Fábio com seu olhar poético sobre as ausências humanas, conta histórias de personagens e lugares atingidos pelos misteriosos territórios da solidão e do desamparo existencial.
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