Eu quase me perdi na vida. Meus destinos sempre foram muito próximos, calculados em medidas estreitas. Matemática aplicada; coisa de quem não conhece o prazer que há no esquecimento das regras. Eu gostaria de ter conhecido o gosto de ficar perdida, mas não conheci. Sempre achada, posta no lugar esperado eu amargurei a vida inteira cuidando do mundo como se todo ele tivesse nascido de minhas entranhas. Eu sempre me ocupei de filhos que não são meus. Meu pai me obrigou a seguir esse caminho. Nem pude consultar o mapa. Ele o fez por mim. Deixou-me um roteiro de destinos poucos, e a eles me acostumei. (MELO, Pe. Fábio De. ORFANDADES - O destino das ausências, 2015, p.116)