Naquele canto do mundo.

Lá dentro a casa vivia, pairava num tempo não corrido, acumulado, porque visto com olhos embrulhados de distâncias. Adentrou o antigo mundo com calma. Os móveis rústicos e bem cuidados pareciam sofrer de agonia. Estavam imobilizados no destino de serem heranças. Resguardavam as memórias de seu tempo de menino. O sofá florido, sofrido, estava distante da primavera que insinuava. O tecido desbotado lhe sorria. A cristaleira sem cristais permanecia como antes. Alguns poucos copos de vidro, inelegantes, sem charme, pintados com florzinhas miúdas ocupavam as estantes superiores. Nas inferiores, estava a louça nunca usada, guardada como se fosse um tesouro intocável, presente de casamento que os pais se orgulhavam de ter recebido  de um padrinho importante, desconhecido de todos. (MELO, Pe. Fábio De. ORFANDADES - O destino das ausências, 2015, p.63).

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ORFANDADES - O destino das ausências.

É um livro que tem uma narrativa envolvente, Pe. Fábio com seu olhar poético sobre as ausências humanas, conta histórias de personagens e lugares atingidos pelos misteriosos territórios da solidão e do desamparo existencial.
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