A existência sofre agravos com o tempo. É feito inflamação. Com o passar dos anos o espinho na carne ofende a saúde. Na juventude ele incomoda menos. Por vezes nem mesmo dói. Serve como instrumental que coloca a alma em doce estado de subversão. Eu vivi assim. A fragilidade nos colocava nos braços uns dos outros . Noites e noites aconchegados em braços e colos que se saboreavam, temporários, imperfeitos, mas propensos ao gozo. O prazer nascia da imperfeição, do inacabado que rompia a pele, da carência que brilhava harmoniosa aos olhos dos que se despunham a amar. (MELO, Pe. Fábio De. ORFANDADES - O destino das ausências, 2015, p.46).