Da vida,alheia II.

Eu quis voltar a cultivar gerânios. Achei melhor acabar com as margaridas amarelas. São aborrecidas demais. Cuidados e mais cuidados, e nada das ordinárias florescerem. Mandei o Julião arrancar tudo, e aos gritos, para que elas percebessem minha fúria. Gerânios são mais gratuitos. Uma aguada de manhã e a florada já está garantida.
Conclui que os homens são semelhantes às margaridas ou aos gerânios. Venâncio é uma margarida amarela, mas desbotada. Reguei, reguei, cuidei, adubei, e nada daquele ingrato me pedir em casamento. Arranquei com raiz e tudo. Que morra seco e sem água, e que não sirva nem pra enfeitar defunto. Já o Zé Arlindo é um gerânio que vim a conhecer no final de feira. É quase um resto, mas não importa. Esse vaso de flor eu não deixo quebrar. (MELO, Pe. Fábio De. Mulheres cheias de graça, 2015, p.143,144).

AO MEU BLOG

Quem sou eu

Minha foto
Araçoiaba da Serra, SP, Brazil

Minha Playlist

Ver Toda Playlist

ORFANDADES - O destino das ausências.

É um livro que tem uma narrativa envolvente, Pe. Fábio com seu olhar poético sobre as ausências humanas, conta histórias de personagens e lugares atingidos pelos misteriosos territórios da solidão e do desamparo existencial.
Ver Todos Livros