"Era assim. Na escuridão da noite eu procurava o corpo paterno. Aconchegava-me ao seu lado e punha atenção no compasso do seu respiro de homem. A tudo contemplava, A voz grave, a postura de quem não conheceu as delicadezas do mundo, a exata medida das mãos que minha mãos gostariam de ter, tudo observado em silenciosa admiração. A barba cerrada, o olho capaz de enxergar-me no escuro, o alivio do medo, a devolução da vida. Meu pai e seu mundo profundo. Eu e meu mundo de estreitezas. Ele, na liberdade de estradas que não conheciam destino nem fim. Eu, na solidão de paredes sensatas, prova de que os laços de sangue podem nos privar das alegrias, ocultando-nos em abrigos inóspitos onde  prevalecem as pregas da cortina que nos desprotege sem piedade." (MELO, Pe. Fábio De. ORFANDADES - O destino das ausências, 2015, p.86).


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ORFANDADES - O destino das ausências.

É um livro que tem uma narrativa envolvente, Pe. Fábio com seu olhar poético sobre as ausências humanas, conta histórias de personagens e lugares atingidos pelos misteriosos territórios da solidão e do desamparo existencial.
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